Se você acha impossível que um motor funcione sem pistões, bielas, bloco, cabeçote, comando de válvulas e até as próprias válvulas, reveja seus conceitos. Afinal, há uma alternativa aos motores tradicionais que pode entregar ótimos resultados – e causar um estrago danado a seus adversários nas pistas: o motor rotativo (veja neste vídeo alguns projetos equipados com FuelTech). Um propulsor de tamanho compacto, giro elevado e um modo de funcionamento inovador, ainda que não necessariamente novo – a montadora japonesa Mazda começou a fabricá-lo há mais de 50 anos.
O também chamado motor de ciclo Wankel (em alusão ao seu criador, o alemão Felix Wankel), assim como os motores a pistão (ou de ciclo Otto), costuma funcionar em quatro tempos: admissão, compressão, explosão e escape. Os motores tradicionais, porém, precisam de duas voltas no virabrequim para completar o processo. No rotativo, basta uma.
“O rotativo faz tudo isso na mesma volta, pois tem três faces no rotor. Por exemplo: enquanto uma admite, a outra comprime e a outra faz o escape. É como se fosse um pistão de três lados”, ensina o CEO da FuelTech, Anderson Dick, um notório admirador deste tipo de motor – ele possui um Mazda RX-7 turbo (clique aqui e saiba mais sobre o carro), com o indefectível ronco proporcionado por um destes pequenos notáveis sob o capô.
Além de extremamente compacto, o rotativo tem apenas cerca de 30 peças de maior porte, virabrequim central e poucas peças móveis. “O grande segredo está na vedação: esse motor tem uma vedação nos rotores que precisa estar sempre em dia para gerar compressão”, assinala Dick.
Dick explica que um motor rotativo de dois rotores e 1,3L de capacidade volumétrica, por conseguir realizar todo o processo em somente uma etapa, é equivalente a um motor de quatro cilindros com 2,6L de deslocamento. Uma peculiaridade: estes motores necessitam de óleo dois tempos misturado junto ao combustível. “Geralmente esses carros tem misturador, que pega o óleo do cárter e injeta dentro do rotor”, explica o CEO da FuelTech.
O elevado regime de rotações sob qual este tipo de motor trabalha – apesar do baixo torque – é uma de suas características mais notórias – e fundamental para o ronco singular que também é sua marca registrada. Segundo Dick, alguns motores rotativos turbos preparados chegam à casa de 11.000 RPM. Já os aspirados podem girar de 13.000 a 14.000 RPM – com incríveis 9.800 RPM no 2-Step (assista e saiba como funciona sua configuração).
“No sul dos EUA, eles são mais populares que o motor a pistão”, afirma Dick. “No resto do mundo, só a Mazda fabricou, dos anos 70 até os 2000. O mecânico que mexe num motor tradicional olha pra ele e não entende nada. E vice-versa. É praticamente uma tribo”, conclui.
Na arrancada americana, os rotativos com dois rotores são equiparados em suas categorias aos carros de quatro cilindros, enquanto os com três rotores (veja um exemplar com 2.000 cv neste vídeo) enfrentam rivais com seis pistões.
Apesar de tantas peculiaridades, o motor rotativo pode ter seu gerenciamento eletrônico comandado por qualquer ECU da linha FT também utilizada em motores de ciclo Otto, ressalta Anderson Dick. No projeto de um Mazda com motor de ciclo Wankel testado no dinamômetro da FuelTech USA, o proprietário optou por uma FuelTech FT600.
O motor de dois rotores do carro equivale a um propulsor de quatro cilindros com 1.000 cv que utiliza 12 bicos injetores e quatro bobinas, com duas velas por cilindro como nos motores a pistão, o que fez ser necessário também o uso da FTSPARK. “A linha de produtos é toda universal”, frisa Dick.
No vídeo sobre os rotativos publicado no canal da FuelTech no YouTube, talvez seja do usuário Tikoluz o comentário que da forma mais apropriada e peculiar defina o ronco de um rotativo: “em giro baixo parece um cortador de grama, motosserra, soprador de folhas. Em giro alto, parece um Fórmula 1”. Não fique na imaginação: assista em nosso canal a esses e outros vídeos e delicie-se com uma forma pouco usual – e muito funcional – de se ter um motor eficaz e potente.